Tiago Patrício
Jovem
escritor Moncorvense ganhou o Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís 2011
Entrevista
no Correio da Manhã:
Tiago
Patrício: “Este prémio foi um balão de oxigénio”
Jovem
escritor ganhou o Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís 2011, no valor
pecuniário de 25 mil euros. Aos 33 anos, tanto escreve poesia como teatro ou
romance.
Por:Ana
Maria Ribeiro
Correio da Manhã - Quanto tempo trabalhou neste
romance?
Tiago Patrício - Comecei
a escrever ‘Trás-os-Montes' no final de Outubro de 2010, com o objectivo de
concorrer ao prémio Agustina Bessa-Luís. Parti de um manuscrito escrito entre
os 19 e os 22 anos com quase quatrocentas páginas mas depois achei melhor
começar tudo de novo. Fiz uma pausa depois do Natal e voltei em Março. A versão
final surgiu a 15 de Maio, depois de a minha mulher ter feito uma revisão
exaustiva.
- Esta é a história ficcionada da sua própria
infância?
- Vivi em Trás-os-Montes dos 9 meses aos 19 anos.
Ainda é a minha casa. É ali, entre duas aldeias do concelho de Torre de
Moncorvo, que estão as minhas referências. Mas a história das personagens não
é a minha nem de ninguém. A própria aldeia, cujo nome nunca é mencionado,
pode ser em Trás-os-Montes ou no Nordeste do Brasil.
- Há pessoas que se vão reconhecer nestas personagens?
- Qualquer pessoa pode reconhecer-se em qualquer
personagem mas nenhuma estava definida à partida. Prefiro que tenham uma
agenda própria. Mas posso dizer que há em todas elas fragmentos da minha
memória.
- A descoberta da morte é a grande lição do
protagonista...
- Os protagonistas do livro são crianças em fase
de aprendizagem aguda. Apesar de tudo, as tradições têm uma razão de ser e
precisamos de acreditar que a alma existe, que o divino nos habita e que
podemos conhecer o Mundo para poder lidar com esta coisa bela e terrível que
é estar vivo num tempo como este.
- Receber o prémio foi uma surpresa, um susto ou
incentivo?
- Quando me ligaram a dar a notícia senti uma
espécie de alívio. Sabia que o ano de 2012 ia ser difícil e o prémio era uma espécie
de balão de oxigénio. Também tem grande peso institucional, o que cria uma
enorme responsabilidade. O meu próximo romance terá de manter pelo menos o
nível do primeiro.
- É um escritor de inspiração ou de disciplina?
- Quando tenho um compromisso para escrever, seja
romance, poesia ou teatro, sou disciplinado e escrevo várias horas por dia. É
a fase burocrática. Nos períodos criativos, escrevo quando tenho alguma coisa
para dizer. Às vezes passam-se dias sem ter uma ideia digna de registo. Mas
andar de bicicleta, passear, ir à natação e até lavar a loiça ajudam a
resolver crises criativas.
- Como será o próximo romance?
|
- Sobre o Mar Báltico. Depois quero regressar a
Trás-os-Montes para tentar escrever um romance onde o convívio em comunidade
seja possível. Quero escrever um livro que possa oferecer a qualquer pessoa,
sem distinção de idade, profissão ou credo religioso.
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